domingo, 18 de dezembro de 2011

O espancamento do pequeno cachorro até a morte na frente de uma criança -

Matando seu cão de estimação - 
O caso do Yorkshire espancado até a morte na frente de uma criança de 2 anos!

Certamente, a mulher de 22 anos que espancou e sufocou seu cão “amado” até a morte pode ter crises nervosas. Mas, dos 190 milhões de brasileiras e brasileiros, quem não tem uma crise nervosa de vez em quando? Daí a sair espancando um animal, a ex-mulher, a ex-namorada, o filho, a sogra, sufocando-os até à morte, é outra história. Essa merece outra explicação.

Vamos à cena: ela fez tudo isso na frente da bebê de dois anos. Praticar atos de violência na frente de bebês e crianças é muito comum, porque os adultos pensam que a criança não entende o que está vendo e não vai gravar nada em sua memória. Enganam-se. Mesmo não dominando a linguagem, os bebês gravam tudo o que acontece ao redor deles e com eles, em cada célula do corpo.

A memória do bebê está espalhada por todo seu corpo. Por não dispor da linguagem para referir o que se passa com ele, ele armazena o máximo de informações para orientar-se no ambiente familiar e social no qual cresce. O bebê conhece o estado emocional de cada membro da família, porque ele recebe pelo corpo todo as impressões que os familiares vão deixando, do tom de voz, à pressão do toque sobre sua pele.

Há pessoas traumatizadas que se lembram de coisas que lhes fizeram antes dos dois anos de idade.

Mas nunca se lembraram dessas coisas antes de chegarem aos seus 40 ou 50 anos. Por quê? Porque, à medida em que a memória recente enfraquece, a memória passada vem com mais ímpeto à tona. Há pessoas que foram estupradas aos quatro anos de idade, mas só vão lembrar-se disso aos 40. Quanto mais traumatizadas, mais tardia será a lembrança. O que é pior.

Essa bebê viu sua mãe espancar o cão e arremessá-lo contra a parede. Viu o cão tremendo, em estado de choque. Viu que uma pessoa adulta, a quem ela percebe como fonte de proteção contra danos ao corpo, é capaz de fazer isso com um bebê. Para bebês, os animais são outros tantos bebês. Eles se identificam imediatamente com os bichos, por isso: são outros iguais a eles. A distinção conceitual será imposta muito mais tarde, quando a criança já ouviu centenas de vezes que ela é mais do que o cão, o gato, o porco fatiado no prato, o frango assado. Os adultos insistem nessas frases, tentando proteger a criança para que ela “não se comporte como um animal”. E assim crescemos. Pensando que os animais são uma coisa, nós, outra. Mas, quando éramos bebês, éramos simplesmente animais. Por isso a violência contra animais ou outras crianças na frente de bebês é devastadora, porque a criança perde a confiança nos adultos e isso vale para todos os adultos.

Essa mulher fez o que fez diante da bebê. Repito. A bebê viu sua mãe fazendo isso ao cão e viu o estado de destruição no qual o animal ficou. Também viu que o cão “sumiu”, porque desde aquele dia ela não o vê mais pela casa. Tudo isso é devastador para a formação da estrutura emocional, afetiva e moral dessa bebê.

Nos estudos realizados pelo médico alemão Tilman Furniss, publicados no livro Abuso sexual da criança, um dos alertas que ele faz é sobre o perigo de expormos as crianças à violência física, sexual ou de outra ordem, sem que haja nenhum adulto próximo a essa criança para resgatá-la a tempo de não ocorrer a fissura moral, sexual, emocional e afetiva sobre a qual o resto de sua personalidade será estruturada. Por que isso é de alto risco? Em mais de trinta anos de prática médica, atendendo em sua clínica crianças que sofreram abuso sexual no âmbito da família, Furniss arrebanhou registros para quantificar os desdobramentos dessa violência na idade adulta.

Quando uma criança presencia ou sofre violência física no âmbito da família, e quando ela não vê ninguém à sua volta para protegê-la dessa violência, sua estrutura psíquica fica abalada, ainda que ela nunca fale para ninguém do quanto isso a abalou. Na idade adulta, quando menos se espera, segundo os estudos de Furniss, aquelas crianças que sofreram violência e não tiveram ninguém para defendê-las, e especialmente as que foram testemunhas dessa violência mas não receberam cuidados porque não foram vítimas diretas, são as que correm mais risco, quando comparadas às crianças que não sofreram abuso na infância, de se tornarem igualmente abusadoras ou violentas.

Escrevo isso porque, no movimento de defesa dos animais, é comum ver comentários mandando fazer com esses adultos somatofóbicos o mesmo que eles fizeram aos animais. É o mesmo que pedir a pena de morte para alguém que matou. Bem, se estou disposta a matar alguém porque esse matou outra pessoa, em que me distingo dele? Então, por ver com muita frequência reações fascistas, isto é, que apresentam o assassinato como remédio para o mal, é que escrevo sobre a somatofobia.

Não conheço a biografia dessa mulher de 22 anos, que tem uma filha de dois, diante da qual ela fez o que fez sem o menor constrangimento. Precisamos perguntar: de quem ela aprendeu essa indiferença na prática da crueldade? Em algum ponto de sua história mental há uma ruptura. Se ela faz esse tipo de coisa na frente da bebê, é porque ela “sabe” fazer isso. Ora, aprendemos a fazer as coisas, “vendo alguém” fazê-las, ou “fazendo-as”. Quando sabemos fazer algo sem nunca termos feito antes um estágio, é porque vimos como isso se faz. Dominamos a técnica. Conhecemos as minúcias desse fazer.

Essa bebê agora já teve seu primeiro estágio de observação de como se mata um cão da família. Como provavelmente ela ainda não fala, ela ainda não sabe que “já” sabe como maltratar um cão. Pode ser que ela já tenha feito o estágio dela muitos meses antes do dia fatal. Então, ela já sabe como torturar um cão no dia a dia, na família. São informações muito fortes. É preciso dar muita ajuda a essa bebê, mesmo que agora ela não apresente sintomas das sequelas. Esses sintomas poderão manifestar-se bem mais tarde, por exemplo, quando ela tiver 22 anos, um bebê e um cão por membro da família, ou quando chegar aos 40 anos com alguma coisa sempre dando errado em suas vinculações afetivas familiares.

Tanto a vítima quanto a testemunha de abusos físicos, na infância, são candidatas “potenciais” para tornarem-se abusadoras e violentadoras. Escrevo candidatas potenciais, não candidatas na certa. É claro que muitas outras coisas ajudarão a determinar a formação psicológica dessa bebê. Mais tarde, ela poderá fazer uma releitura positiva disso, e tornar-se uma defensora dos animais de quaisquer espécies. Ou, se o dano for grande, ela poderá sofrer de “crises nervosas” nas quais o corpo de outro ser vivo em sua proximidade será o alvo de sua fúria.

Com essa explicação, não estou desculpando a mulher. Tento apenas dirigir o olhar para algo que está lá atrás, e para algo que está lá na frente. Se maltratamos as pessoas que sofrem de somatofobia, não ajudamos o mundo a ficar mais suave, apenas acrescentamos mais fissuras às mentes já suficientemente rachadas. Ao “encenar” a violência, o violentador está no palco. Sua forma de nos contar como é que se violenta é encenando a brutalidade contra o corpo de um animal indefeso. Ele nos conta que “sabe” como se faz isso. E nós ficamos ali, pateticamente, assistindo, ou aplaudindo? Não. Terminada a encenação, precisamos perguntar: “Como é que você aprendeu a fazer isso?” Há estupradores, nas penitenciárias, que levam mais de cinco anos de terapia para finalmente admitirem que foram violentados por seus pais, avós, tios, professores, padres, quando tinham exatamente a idade de suas vítimas. E, infelizmente, ainda há outros que não podem confessar sua participação passiva naquelas cenas, porque quem abusou deles na infância não foi nenhum homem, mas uma mulher, também da família. Mulheres também são capazes de abusar sexualmente de seus meninos. Mas isso ainda é tabu ao redor do mundo. Ninguém fala disso. Fala-se que elas espancam os filhos. Mas há as que não “espancam”. As que praticam sexo mesmo.
Enfim, nos vinte anos em que estudo a violência somatofóbica, o que aprendi é que precisamos dirigir nosso olhar para a rachadura na estrutura moral e afetiva da pessoa violenta, tanto quanto precisamos dar cuidados à violentada. Essa rachadura não se deve à pobreza, como muitos tentam nos convencer. Ela é de ordem afetiva, moral, emocional e física. Está gravada ferrenhamente em cada célula do corpo, por isso a razão sai de cena, quando alguém é atormentado por um problema estressante. E o pseudoalívio vem quando a pessoa descarrega a raiva num objeto com o qual aprendeu a relacionar-se como coisa, o corpo do outro, que serve de saco de pancada. Nós vivemos numa sociedade somatofóbica. Tudo é “resolvido” destruindo-se o corpo do outro, ou o próprio.

Que essa mulher teve uma crise nervosa, lá isso teve! Ninguém feliz e calmo faz isso. Mas daí a concluir que é “normal” descarregar a fúria no corpo de um animal, mulher ou criança, por conta do esgotamento emocional, há milhas e milhas de distância. Só os esgotados que foram vítimas da violência física ou abuso emocional reagem com fúria contra o corpo de alguém indefeso. Isso é somatofobia. Uma das formas de linguagem mais comum da violência.

Questão de Ética - Sônia T. Felipe

Matando seu cão de “estimação”

17 de dezembro de 2011

 

Fonte: Anda News

ÚLTIMAS NOTÍCIAS SOBRE O CASO:

Polícia livra a enfermeira que torturou cãozinho do flagrante delito


Leia à atualização:     
                              Yorkshire é achada morta no prédio da enfermeira (vídeo novo)
                              A yorkshire estava morta quando a PM chegou e não deu o flagrante

Se o vídeo com as diversas cenas dos dias em que o pequeno cãozinho yorkshire já foram suficientes para revoltar os até então as 319.768 pessoas, que assinaram a petição implorando pela pena máxima de crime de maus tratos para a enfermeira que torturou e matou o yorkshire (click para assinar a petição), como então se sentiram essas mesmas pessoas ao saberem que a mesma poderia ter sido presa em flagrante delito.

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Das primeiras entrevistas dadas pelo Delegado que investiga o caso à mídia televisiva, é possível concluir que inúmeras denúncias de maus-tratos, haviam sido feitas contra a enfermeira ás autoridades competentes, na esperança de salvar a vida do pobre e indefeso cãozinho, mas que por algum motivo não salvou. Sendo assim peço que assistam o vídeo que eu editei com as entrevistas, e ouçam os fatos na verdadeira ordem que eles deveriam ter sidos contados, e exerçam sua cidadania para exigir que corregedores e promotores averiguem porque tais denúncias não foram devidamente apuradas.

Muitas pessoas ficaram indignadas com quem filmou, achando que esta poderia ter intervindo para que o cão não fosse espancado. Pois saibam que quem filmou chamou a polícia no dia 13 de Novembro de 2011. No vídeo abaixo o delegado diz que bombeiros e a polícia militar foram até o local, e inclusive tiveram que conter a fúria da criminosa Camilla Corrêa, e ainda vão ouvir que foram eles que retiraram o cãozinho da casa, e que levaram o animal para algum lugar não divulgado para que fosse socorrido.

Policiais, bombeiros, vizinhos, todos presenciaram a atrocidade, a brutalidade da enfermeira que culminou na divulgada morte do cão dois dias após, mas ninguém, nenhum policial, nenhuma pessoa lhe deu voz de prisão. (De acordo com a legislação brasileira, qualquer pessoa pode dar voz de prisão quando perceber que um crime está sendo praticado)
Passados um mês sem que quem denunciou visse qualquer punição a esse ato barbáro, um vídeo contendo trechos dos vários dias em que o cãozinho foi torturado foi colocado no Youtube em 14.12.2011.

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Convoco a todas as pessoas, quer convivam ou não com animais de estimação, quer sejam carnívoras ou vegetarianas, a exigir das autoridades máximas dessa nossa república democrática do Brasil, a apurar a veracidade dos fatos, do porque nossas denúncias são ignoradas, do porque nossa legislação é falha em coibir que os animais, que conforme nossa constituição são tutelados pelo estado, não merecem o direito de viver, não merecem o direito de serem respeitados, do porquê somos obrigados a sermos torturados psicologicamente todos os dias com notícias de crimes contra a fauna e a flora que ficam na impunidade.

Talvez nossos legisladores e os delegados devessem receber a série de pesquisas efetuadas durante décadas que demonstram que a criminalidade e a brutalidade de certas pessoas é demonstrada em primeiro contra os menores seres sencientes os animais. Será que não percebem que ao legislar a favor dos direitos dos animais, estão garantindo a ordem e a paz pública, ensinando  assim os limites da civilidade aos brasileiros, pois somente com esses direitos humanos e animais assegurados teremos uma chance de sermos chamados um dia de pais do primeiro mundo.



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